Um post em nome dos sobreviventes da hipocrisia e da banalização da sociedade
eu estou mudando,
fazendo e pensando em coisas que pensei nunca fosse fazer ou pensar
como já me disseram,
com o passar do tempo a gente vai moldando a nossa personalidade
como se fosse uma grande rocha sendo lapidada
as pessoas aqui são diferente
tudo é diferente
o ambiente
o clima
as tensões
as propostas
as relações
as multidões
um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão
e então eu descobri
que tudo não passa de um grande sertão
como se fossemos pássaros
como se não houvesse nenhum leão
como se a vida imitasse a arte
como se tudo fizesse parte
de uma grande viagem a Marte
um sopro de esperança
a espera de grande mudança
o tempo passa à janela
o inglês vê james bond
eu ainda não lavei a panela
como se tudo dependesse dela
a grande panela da vida
a feijoada da alegria
o alcalóide de Pasárgada
com porquinhos da Índia
e gatos lunáticos de Alice
o blues, o jazz, o metall
olhe ali, há um animal
insano na membrana
preciso de muita grana
comprar consumir gastar
e então parar e pensar
chorar por ter que matar
matar a dignidade de amar
mandar um e-mail à mamãe
sem telefonar e dizer alô
como se tudo não dependesse
vivemos num bangalô
os dragões das histórias fascinam
os duendes dos contos encantam
as fadas seduzem os tolos
as bruxas assustam aos gritos
os sapos não viram príncipes
não existem sapatos vermelhos
ninguém nos acorda com beijos
a não ser o beijo da morte
que nos faz dormir sem acordar
o céu não é azul
nada é o que é porque é
arrumando o que disse no começo
o céu é de algodão
pra mim, é de algodão


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